Outro dia vi o ministro Tarciso Gomes de Freitas em um
vídeo na internet todo satisfeito, e com razão, explicando o malabarismo
engendrado junto à Vale para viabilizar recursos para a construção da Ferrovia
do Centro Oeste, a FICO, ligando Água Boa em Mato Grosso à Ferrovia Norte-Sul,
em Campinorte, Goiás.
Disse que a FICO será fundamental para o desenvolvimento
do Vale do Araguaia em Mato Grosso, uma das regiões mais promissoras do Brasil
com potencial de produção de 16 milhões de toneladas de grãos dos quais de 8 a
10 milhões seriam embarcados na ferrovia. E esta solução já foi aprovada pelo
TCU.
Pois bem, em 2018 a Rumo, sucessora da antiga Ferronorte,
trouxe à luz em palestra na sede do CDL em Cuiabá a informação de que a empresa
estimava em 20 milhões de toneladas/ano a carga conteinerizável destinada a
Cuiabá. Repito: 20 milhões de toneladas/ano destinadas a Cuiabá para consumo
local, processamento e distribuição regional! Igual a produção anual de grãos
de Goiás e maior que a de Mato Grosso do Sul na época.
A destacar que este dado se restringe à carga do
Sul/Sudeste e do exterior destinada a Cuiabá (a tal carga “de retorno”), sem
falar na carga das regiões Norte, Médio Norte e Oeste de Mato Grosso, no
sentido oposto, que hoje passa necessariamente por Cuiabá por via rodoviária
com destino a Rondonópolis, e de lá por trilhos para fora do estado.
Destaque também na ocasião foi a Rumo assegurar firme
interesse em investir na ferrovia até Cuiabá e sua sequência ao norte, na
dependência da aprovação pelo TCU da antecipação da concessão da malha
paulista, para a qual pedia apoio aos mato grossenses. Aprovação já concedida.
Uma ferrovia para Mato Grosso jamais pode ser pensada só
como uma esteira exportadora de soja e demais produtos locais, mas concebida
também para trazer desenvolvimento e qualidade de vida para o estado e sua
população. E desenvolvimento e qualidade de vida chegam, entre outras formas
como mercadorias diversas tais como materiais de construção, alimentos,
utilidades domésticas, vestuário, etc., bem como, insumos diversos como
defensivos, fertilizantes, sementes, máquinas, implementos, etc., destinados a
reproduzir e ampliar a capacidade produtiva local, geradora da carga “de ida” e
da renda que compra a carga “de retorno”.
É sem sentido pensar em produção sem a satisfação em
termos de promoção da vida do cidadão integrante da cadeia produtiva, o que
seria o objetivo natural de todos os projetos públicos, ainda que
concessionados. E o modal ferroviário transporta a menores custos financeiros,
sociais e ambientais, implicando em facilidade de acesso a melhores condições
de vida à população.
É sabido que por sua localização centro-continental,
dimensão, e produção já instalada e em potencial, a redenção de Mato Grosso é
abrir caminhos em todos os rumos e modais seguindo os princípios da logística
moderna, garantidas sua integridade territorial e política, responsabilidade
ambiental e qualidade ascendente de vida para sua gente.
Os avanços na FICO, assim como na Ferrogrão, alegram os
mato-grossenses. Mas, para a alegria ficar completa falta que este empenho
dedicado à FICO seja também dirigido pelo presidente Jair Bolsonaro e seu
ministro à expansão dos trilhos da Rumo de Rondonópolis até a Baixada Cuiabana,
200 km e, de imediato, ao Norte do estado. Aliás, empenho também a cobrar das
autoridades estaduais e locais, políticas e empresariais, em especial na Região
Metropolitana.
Empenho é querer. A esperança é ter as eleições próximas
como foro decisivo para cobranças e compromissos por esta ferrovia, a mais
viável do mundo, urgente e fundamental para Mato Grosso, tendo o eleitor como
juiz.
Cuiabano, graduado em Arquitetura e Urbanismo com pós-graduação em Planejamento Habitacional e Planejamento Urbano. Atualmente é professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Cuiabá – Unic, articulista do Diário de Cuiabá e esctreve para diversos veículos de comunicação.
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