Entre 1673 e 1682, os bandeirantes paulistas Manoel de
Campos Bicudo e Bartolomeu Bueno da Silva subiram o rio Cuiabá até a sua
confluência com o rio Coxipó-Mirim, onde acamparam, denominando o local de São
Gonçalo. No final de 1717, seguindo o mesmo caminho do seu pai, António Pires
de Campos chegou ao mesmo local, rebatizando-o de São Gonçalo Velho.
Nessa região, onde hoje vivem ribeirinhos e ceramistas,
encontraram uma aldeia de índios bororó. Muitos foram aprisionados em combate e
levados para São Paulo como escravos. Paralelamente à extração do ouro, os
bandeirantes paulistas continuaram a buscar uma mercadoria que, segundo eles,
abundava nos sertões brasileiros: os índios. Foi em seu encalço que as
expedições de Antônio Pires de Campos, seguida da de Pascoal Moreira Cabral,
atingiram terras que pertenceriam, mais tarde, a Mato Grosso. Pires de Campos, em
1718, localizou os índios nativos das margens do rio Coxipó-Mirim, chamados,
pelos bandeirantes, de coxiponés.
Logo após uma das refeições, alguns integrantes dessa bandeira, lavando os pratos nesse rio, encontraram, casualmente, pepitas de ouro. Estavam descobertas as minas em território mato-grossense (1719).
A bandeira de Pascoal Moreira Cabral seguiu ao encalço
desses índios, dando-lhes violenta guerra, na qual foram perdidos muitos
homens, de lado a lado. Depois de serem socorridos por outra bandeira
capitaneada pelos irmãos Antunes Maciel, resolveram seguir para o Arraial de
São Gonçalo Velho, ou Aldeia Velha, onde haviam deixado alguns homens
acampados.
Para organizar o primeiro arraial, cobrar os impostos em
nome da Coroa portuguesa e estabelecer a justiça, os mineiros aclamaram, como
guarda-mor, Pascoal Moreira Cabral, que, inicialmente, ficou à frente dos
trabalhos administrativos e fiscais. Sua nomeação oficial, dada pelo
capitão-general da Capitania de São Paulo – da qual essas novas minas faziam
parte – só ocorreu a 26 de abril de 1723.
Fundação de Cuiabá - O arraial da Forquilha localizava-se na confluência de dois ribeirões, que, ao
juntar-se, davam continuidade ao rio Coxipó. Daí a origem do nome. Supõe-se que
o fundador do arraial tenha sido o bandeirante António de Almeida Lara, que, em
1720, estava explorando o rio Coxipó. Forquilha teve vida efêmera. Manteve-se
como principal arraial das minas cuiabanas por apenas um ano e meio, até a
descoberta das Lavras do Sutil, quando entrou em plena decadência.
Pascoal Moreira Cabral enviou, até a vila de São Paulo,
Fernão Dias Falcão, a fim de levar a boa nova da descoberta. A notícia do novo
achado aurífero fez acorrer, para as minas do Coxipó, grande quantidade de
pessoas das mais variadas partes da Colônia. Exauridas rapidamente, deram
origem a uma outra, também no rio Coxipó, porém às margens do córrego
Mutuca, onde foram encontradas jazidas de ouro. Essa mina ensejou o nascimento
de mais um arraial, a que deram o nome de Forquilha. Colocaram-no sob a
proteção de Nossa Senhora da Penha de França, padroeira desse segundo achado
aurífero e, como era de costume, ali ergueram uma capela em homenagem à santa.
Designação oficial de Pascoal Moreira Cabral como
guarda-mor das Minas - Atendendo a que Pascoal Moreira Cabral tem feito entradas nos sertões à
diligência de descobrir ouro, em que gastou alguns anos, com muita despesa de
sua fazenda, morte de escravos e com grande risco da própria vida, pelo
dilatado e agreste sertão, e multidão do gentio bárbaro, conseguindo com a sua
diligência o descobrimento de ouro, que hoje se acha com grande estabelecimento
no sertão do Cuiabá, e ter sido eleito pelo povo, que se achava naquelas minas,
e ter sido confirmado pelo meu antecessor, o conde dom Pedro de Almeida, hei por
bem fazer-lhe mercê do cargo de guarda-mor das ditas minas […]. ” Rodrigo
Moreira César de Menezes (Fonte: Leite -1982).
O primeiro bandeirante em Cuiabá - Manoel de Campos Bicudo foi um bandeirante pioneiro na penetração do Oeste
brasileiro, no início do século XVII. Com o seu filho António Pires de Campos,
foi o primeiro bandeirante a atingir a região da atual cidade de Cuiabá, entre
1673 a 1682. Antônio Pires de Campos, ainda criança, acompanhou a expedição de
Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera, até a mitológica Serra dos Martírios,
que nunca foi localizada novamente.
Filho do coronel Pascoal Moreira Cabral e de Mariana
Leme, nasceu em Sorocaba (SP), no ano de 1654. Seu pai dedicara-se aos
trabalhos mineralógicos junto às Minas de Araçoiaba, mais tarde Fábrica de
Ferro de S. João de Ipanema, também em Sorocaba.
Desde muito jovem, Pascoal Moreira Cabral dedicou-se ao
sertanismo preador de índio. Em 1682, já era cabo da bandeira capitaneada por
André Zunega, seu parente. Foi nessa expedição que Pascoal adentrou, pela
primeira vez, em território mato-grossense, na região de Miranda, atual Mato
Grosso do Sul.
Foi durante esse período que ganhou dois filhos,
provavelmente, descendentes de uma índia, aos quais, mais tarde, reconheceu como filhos naturais. Oficialmente, casou-se em 1692, na cidade de Itu, com
Isabel Siqueira Cortes, natural da Capitania da Paraíba. Com ela teve 4 filhos,
sendo que o primogênito, que herdou-lhe o nome, acabou morrendo, em pleno
sertão, no ano de 1722, quando foi vítima de um ataque de índios.
Em 1699, capitaneou uma bandeira na região de Curitiba e,
em 1716, seguiu novamente para a região de Miranda, onde passou dois anos em
incursões de aprisionamento de índios. Dois anos depois, terminou subindo o rio
Paraguai, atingindo o Cuiabá e, deste, seu afluente, o Coxipó, onde travou violento
combate com os índios coxiponés.
Nomeado guarda-mor das novas minas descobertas, Moreira
Cabral ali viveu por muitos anos. Já velho, retirou-se para a primeira
localidade onde ocorrera o primitivo achado aurífero, o Arraial Velho, às
margens do rio Coxipó. Faleceu em 1730, aos 76 anos de idade, e seu corpo foi
sepultado na Igreja Matriz do Senhor Bom Jesus, em Cuiabá.
Sorocabano Miguel Sutil - No ano de 1721, outro sorocabano, Miguel Sutil de Oliveira, tendo descido o rio
Coxipó rumo rio Cuiabá, onde havia plantado roça, enviou dois índios – a que
José Barbosa de Sá, primeiro cronista de Cuiabá, denominou de escravos, “negros
da terra” – buscar mel. No retorno, ao invés do doce alimento, trouxeram
pepitas de ouro. Estava descoberta a terceira jazida aurífera mato-grossense,
desta vez situada no leito do córrego da Prainha, tributário do rio Cuiabá.
A notícia do ‘achamento’ aurífero fez com que grande
parte dos habitantes da Forquilha e até mesmo do Arraial de São Gonçalo Velho
passassem a minerar no córrego da Prainha, fato que deu pontapé inicial ao
povoamento de um pequeno vilarejo, sob a proteção do Senhor bom Jesus.
Para efeito de registro histórico desse primeiro período,
o governador da Capitania de São Paulo solicitou que fosse confeccionada uma
Ata de Fundação do descobrimento dessas novas minas que, mesmo tenso sido
redigida em 1719, ainda sequer existia, valeu como documento fundador das minas
mato-grossenses.
Mediante a garantia de que as minas cuiabanas já eram uma
notória realidade, o capitão-general e governador de São Paulo nomeou, para o
cargo de superintendente-geral das Minas, João Antunes Maciel, e para o cargo
de capitão-mor regente, Fernão Dias Falcão, pessoas de sua mais absoluta
confiança.
Graduada em História, Mestre em História Social e Doutora em Educação pela UFMT. Tem experiência e produção nas áreas de História e Educação, com ênfase no contexto regional mato-grossense. Membro da Academia Mato-grossense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso. e Curadora da Casa Barão.
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